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Floresta de Bolso Bosque da Batata

Um verdadeiro trabalho de arqueologia urbana, assim foi a sensação de realizar a Floresta de Bolso no coração do bairro de Pinheiros, atrás de sua tradicional igreja. Após as obras de remodelação do Largo da Batata restaram algumas áreas entre as novas vias, que receberam na ocasião apenas um gramado exótico e árvores enfezadas, transformando-se em um local árido, inóspito e depósito viciado de lixo e entulhos por carroceiros e comerciantes da região.

Essa área degradada chamou nossa atenção, e junto com os parceiros Nik Sabey, do Novas Árvores Por Aí, Sérgio Reis, da Set Investimentos e Alex Vicintin, do Fábrica de Árvores, foi resolvido transformá-la em uma Floresta de Bolso que recuperasse o local como espaço público e trouxesse de volta a extinta Mata Atlântica no bairro. Após o apoio da Subprefeitura de Pinheiros, fizemos as primeiras sondagens com picaretas que mostraram um solo argiloso e pobre, repleto de entulhos, com 20 cm de espessura sobre um colchão de brita e cimento. Estava explicado porque as árvores não cresciam ali.

Usando uma potente retroescavadeira que alugamos, conseguimos atravessar a camada de solo ruim e entulhos, e para nossa surpresa, achamos uma terra preta, de ótima composição e cheiro agradável. Era a antiga terra fértil das margens do Rio Pinheiros, sepultada há mais de 300 anos pela urbanização. Toda a área foi escavada e o solo revirado, incorporando três carretas de composto orgânico de triturado de podas urbanas doado pela Prefeitura de Carapicuíba e de composteira de alimentos doada pelo Edifício Vitor Malzoni. Também foi aplicado adubo organo-mineral de liberação lenta. O solo estava pronto para receber a floresta. Durante os 4 dias de escavações, quase toda a manhã surgiam novos despejos de entulhos e lixo, como móveis velhos e pneus, mostrando que o local era realmente um depósito de lixo para muitos do bairro.

No dia 7 de maio de 2017, cerca de 350 voluntários plantaram coletivamente 400 mudas de 90 espécies diferentes da Mata Atlântica original da região, com ênfase no pinheiro brasileiro, a araucária, que batizou o bairro por sua abundância ancestral. O cenário de terra nua em pouco mais de uma manhã de trabalho se transformou completamente. Antes do plantio um mutirão foi formado para a remoção dos entulhos aflorados e rapidamente se encheu uma caçamba de entulhos, depois crianças e adultos plantaram a floresta acompanhados por um caminhão pipa doado.

Também foi formada uma agrofloresta entre as árvores, com projeto e sementes de Patrick Assumpção e Keyla, da Guanandi, em ação conjunta ao Feira Viva, evento de gastronomia sustentável ocorrido na véspera no Museu Brasileiro de Escultura. Espécies como tremoço, abóbora e outras fixadoras de nitrogênio foram semeadas.

Passados mais de um mês do plantio, a população mudou sua percepção sobre o novo espaço que despertou a curiosidade e respeito naquela movimentada passagem. Nenhum lixo e entulho mais foi ali jogado.